quinta-feira, 21 de julho de 2011

Cenário Cuiteense década de 1940

 
Poesia do Sr. Zé Moreira (Barbeiro e Poeta Cuiteense)

Cuité tá bem elevado
Já tem juiz e vigário
Um doutor de medicina
Fiscal estacionário
É um lugar de simpatia
Tem nove barbearia
Com 21 operários

Tem pracinha e tem coreto
Quartel e delegacia
Na travessa Pedro Viana
Existe uma padaria
Onde o velhaço vicêia
Na casa parê-de-meia
Tem uma sapataria

Tem um consultório médico
Frente a estação fiscá
Duas farmácia cheinha
De remédio especiá
Se o esprito não me engana
O sobrado de Pedro Viana
Foi o conselho municipá

Agência de Bicicleta
Fornecendo a malandrage
Oficina prá ferreiro
Cada carro tem garage
Se olhar para a oficina
Tem mais de uma usina
E duas casas de ferrage
150 casas de farinha
Com isso não me engano
16 à bolandeira
Com 98 à braço
Que trabalha e a locomove
Faz 149 com a do velho Mané Ináco

Tem até fábrica de rede
E rádio propagandista
Quatro alfaiataria
E máquina fotografista
A estufa de Zequia
E no sítio de Isaía
A “assembléia comunista”

Dois campos de futebó
E um hoté mobiliado
E tem dois cimitério
Para os seres sepultado
Oficina de barrica
Dentro da rua da bica
Um bangalô acabado

O prédio mais interessante
Que é a nova matriz
Pra se adorar divinamente
A rainha imperatriz
Fui a festa de natá
Assistir a missa campá
Naquela hora feliz

Duas sôpa passageira
Prá quem quiser viajar
De Pernambuco a Paraíba
Do Brasil ao Ceará
Se o cabra tem mais dinheiro
Vai até o estrangeiro
Do Amazonas ao Pará

Soares, Dinamérico. Poetas Cuiteenses de Todos os Tempos, Cuité-PB, 1999, 72p.

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