(Foto 2005)
O Olho D’ Água foi lugar de habitação indígena, (índios Tarairiús), possui caverna e letreiro que instiga pesquisadores a desvendarem seus segredos. “Marco Zero” da árvore genealógica cuiteense, iniciada por D. Maria, vinda de Acari, a qual que fixou residência nas proximidades desse lugar, forma a base da maioria das famílias cuiteenses, bem como, segundo Pe. Luis Santiago:
"Contam os mais velhos que um senhor afortunado de Bananeiras , avistando as serras da Canastra e Bom bocadinho, chegou até aí, a título de caçada, acompanhado de dois filhos, donde avistaram uma verde vegetação serrana, ornamentada por altaneiros jatobás, baraúnas,coitezeiros, etc. Compreenderam então estar diante de uma grande serra. Aproximaram-se e descobriram um formidável Olho d`água, assim chamado pelo gentio Cuité. O afortunado senhor de Bananeiras, tornando à sua casa, tratou logo de levar a notícia do seu achado ao Provedor-mor".
(Década de 1930)
Construído suas primeiras instalações na década de 1930, pelo Pe. Luis Santiago, era lugar de abastecimento de água da comunidade cuiteense, a qual descia suas ladeiras em busca de saciar a sede, lavar roupas e/ou tomar banho. Lendas e crenças ainda fazem parte de sua história, muitas pessoas acreditam na cura de doenças respiratórias durante sessões de banho matinal. Possui a lenda que conta história de um índio que recebeu a visita de uma princesa e apaixonado, mas sem poder desposá-la, matou-a, sepultando-a em uma caverna, logo em seguida matou-se na certeza de que com ela se encontraria no além (ver texto completo).
(Foto 2007)
É um ótimo ponto de trilha turística e espaço de aula prática. Atualmente a UFCG executa a ação de revitalização do Olho D Água, que faz parte do projeto Horto Florestal o qual tem o objetivo de preservar a fauna, flora e a memória social deste espaço.
(Foto 2005)
Olho D'Água da Bica: Patrimônio Histórico Cuiteense!
Abaixo, um pequeno texto para trabalhar em sala de aula, da história do Olho D´Água a partir de memórias daquele lugar: Texto indicado para ser dramatizado com bonecos de fantoches para alunos do Ensino Fundamental I.
Narrador: um colaborador fantasiado da figura infantil
Bonecos: Sapo, água, índio, vovô e criança
Trilha: CD, o narrador cantando ou atores em off.
Início:
Narrador:
Bom dia meninada
Tão gostando do passeio?
Eu sou um pouco feio
Não se assombrem não
Sou narrador de histórias
Que aconteceram aqui
Se preparem para ouvir
Pois vou começar a falação
A história do Olho Dágua
Demonstra o egoísmo do homem
Água limpa não se consome
Pois a limpeza se acabou
O lixo tomou conta de tudo
O plástico, o vidro, o papel
Só não mudaram a cor do céu
Porque ali não se alcançou
Vou chamar alguns colegas
Primeiro o meu amigo sapo
Ele é muito bom de papo
Sua família desde sempre aqui mora
E nesse cara eu acredito
Pois ele não é de mentira
E é por ele que começa a fila
Dos contadores dessa história
Trilha: o sapo entra cantarolando (o sapo não lava o pé...)
Olha para as crianças e dá boas vindas (oi criançada!) e começa:
Sapo:
Eu quando era pequeno
Um gerininho assim
Mamãe falou pra mim
Que aqui ela diferente
Tinha, índio, capim, juá
Mas, chegou gente de pele branca
E começou-se a matança
Da vida desse lugar
A água era bem limpinha
Fazia gosto beber
Eu nem se tinha o que fazer
Pois a paz era imensa
Mas, o bicho homem endoidô
E começou a fazer besteira
E até o lixo da feira
Jogou aqui sem diferença (pega com a boca, pelo cadaço, um tênis velho e sai tristonho)
Narrador:
Testemunha tem mais de cem
Cobra, besouro, embuá
Marimbondo, arapuá
Todos daqui se lembram
Dos anos de ouro dessa mata
Um paraíso e lugar de beleza
Uma grande fortaleza
Muita água e comida farta
Vou chamar mais um aqui
Pra dizer a sua história
Do que ficou na memória
Vestígios desse lugar
Chamo agora a senhora água
Pra dizer da sua luta
Que é sair daquela gruta
Limpa, boa pra se tomar
Trilha: chuá, chuá (som de águas)
Água:
Com um milagre se parece
Minha saída daquela pedra
Pra depois correr sem rédea
Por esse mundo a se perder
Mas a qualidade que eu tinha
Com o tempo se acabou
Minha acidez aumentou
Não sei mais o que fazer
Cortaram minhas arvores parceiras
Sujaram minhas veias de água
Sobraram somente máguas
Do tempo que vivia a correr
Queria que dissessem a todos
Criançadas que aqui estão
Que por favor e compaixão
Me ajudem a sobreviver (pega com a boca um placa com o dizer "diga não a polição")
Trilha música: terra planeta água (a frase do refrão uma vez)
Narrador:
A situação não está prá brincadeira
O homem devasta seu quintal
Quando estiver tudo no final
É que ele vai se arrepender
Mas, para podermos mudar
E sair dessa situação
Eu chamo com emoção
Minha turma do poder
Cont. Narrador:
Quem quer participar da turma do poder? Então...
(inicia uma trilha de filme de ação eentra o índio)
Índio:
Quem tem poder aqui?
Tô precisando de ajuda
Pra decifrar daquela gruta
As inscrições do feiticeiro
Pois o índio pai ali escreveu
Os sinais da felicidade
Mas já to com essa idade
E num saí do nome primeiro
Do primeiro nome eu digo
Da inscrição ali em cima
Que faz viver a menina
Que ali se enterrou
Foi o índio mais forte
Que nasceu nesse lugar
Mais não pode se casar
E por isso ali ele a fechou
Só por que era doutra tribo
Aquela princesa paixão
O pajé não deu permissão
Para os dois se casar
O índio teve dúvida
Pensou numa saída
E entregou a sua vida
Para no céu se encontrar
Mas digo outra coisa
Não deixe morrer a floresta
Por que pra tudo ela presta
Trabalhar, correr, brincar
Esse índio, não queria o dinheiro
Dessa princesa de fora
Nem queria ir embora
Queria viver e aqui ficar
Narrador:
Vamos plantar uma árvore
Jogar lixo no lixo
Ação sem tempo fixo
Contínua, pra se pensar
Vamos juntar as escolas
Chame o vizinho, um colega
Não vamos mais dar trégua
Não deixe a corrente quebrar
Narrador:
Chamo agora o seu Joca
Morador daqui de perto
Que tinha banho certo
Todo dia nesse lugar
E ele trazia o seu neto
Pra conservar a tradição
Descia de tolha na mão
Pro resfriado se curar
Vovô: Vamos meu netinho
Já passa das cinco
Marquei com seu Felinto
E num posso me atrasar
Num sabe que mais nunca ele foi
Eu tem que colocar a conversa dia
Vamos senão dá meio-dia
E num sei se o tempo vai dá
Criança: Mas vovô, assim tão cedo...
A frieza tão grande!
Menino não espante
Pois um dia vai ser você
Ta bom vovô o senhor ganhou
Vou fazer esse sacrifício
Pois sei que Lá é tão bonito
Que nunca quero esquecer
Narrador:
Vocês viram essa estória
De pedaços de lembranças
E a vontade de fazer
Fazer desse lugar de vida
Um grande e bonito horto
Deixando de ser “morto”
Para um espaço bom para viver
Vamos plantar uma árvore
Jogar lixo no lixo
Ação sem tem fixo
Contínua, prá se pensar
Vamos juntar as escolas
Dar um fim bonito a essa estória
Prá se puxar da memória
Coisas boas desse lugar
Apresentado como teatro de fantoches na trilha do saber, organizada pelo Prof. Carlos do Curso de Biologia da UFCG/Cuité, no festival de inverno 2010, em frente aos banheiros do Olho D’ Água.
Israel Araújo
Arquivo Museu do Homem do Curimataú, rua 15 de Novembro, Cuité-PB
Fonte:
PEREIRA, José Sobrinho; Cuité Terra Nossa; Cuité-PB; Fênix.
SANTIAGO PE. L. S.; Serra do Cuité, sua história, seus progressos e suas possibilidades; João Pessoa-PB; oficina geral d’a imprensa – João Pessoa; 1936.
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